segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não é preciso ser herói para se garantir a Governança; muitos menos vilão para manter-se no poder.

Ethicsbooks

Mesmo que a santidade ética e moral do ocidente tenha um viés pecaminoso, há de se convir que chegou o momento dela torna-se economicamente viável como sugere Berman. Talvez, o momento de se mensurar seu valor, tornando-a um ativo financeiro.


Na ultima semana, dois prefeitos de duas grandes cidades canadenses abandonaram seus postos depois de mais de vinte anos à frente das prefeituras de Laval e Montreal. Reconhecidos e aplaudidos mundialmente por seus exemplos de Governança, os prefeitos Gérald Tremblay de Montreal e Gilles Vaillancourt de Laval, foram acusados na Comissão Charbonneau ,que investiga crimes de corrupção no setor de construção civil, de participarem de um grande esquema de corrupção com a máfia italiana que domina o setor de Construção no Québec, província francesa daquele país.

No calor dos fatos, o jovem filósofo Dominic Martin, pesquisador do Center for Ethics of University of Toronto, faz uma análise contextual e filosófica, no Le Devoir, com a qual concordo e compartilho: Por mais que façamos esforços e trabalhemos para combatê-la, a corrupção sempre existirá em qualquer circunstância. Não é porque o Canada é um dos países com os mais elevados padrões de Governança do Mundo que a corrupção não bate à porta ou está escondida sob o tapete da moral estabelecida. Ela está em toda parte. Em alguns lugares, menos visível; em outros, escancarada.

Para o filósofo, “a corrupção, em outras palavras, justapõem-se num contexto competitivo; sobretudo, quando um sujeito permanece muito tempo no poder. Este contexto favoriza atos corruptos, sobremaneira.” Vale recordar Marshall Berman, quando analisa” a metamorfose dos valores”, onde diz de maneira sobrenatural que, "as velhas formas de honra e dignidade não morrem, são, antes, incorporadas ao mercado, ganham etiquetas de preço, ganham nova vida, em fim, como mercadorias. Com isso, qualquer espécie de conduta humana se torna permissível no instante em que se mostra economicamente viável”. Neste sentido, não é de estranhar que a ética consolidada do ocidente, torne-se a base para ações corretivas do mercado nem que as sanções tornem-se algo quase que exemplares.

Muito embora, saiba-se que no mundo dos negócios a competitividade possa levar às distorções de caráter e os descumprimentos de padrões  garantam certas vantagens aos corruptores; os princípios consensuais estabelecidos devem garantir minimamente as contrapartidas morais.

André Comte-Sponville, discorda. “Não há moral na Aritmética, não há moral na Física, não há moral na Meteorologia... Por que haveria moral na Economia?” A resposta para uma questão tão complexa como esta, parece-me simples: Porque o ser humano é o único entre as espécies, capaz de refletir seus atos e ponderar suas escolhas. Diria, utilizando-me das palavras do Professor Marcos Fernandes “os agentes, além de adaptativos; são, sobretudo, reativos”. Ou seja, esses dois comportamentos, pressupõem o pensar, inerente ao Homem.

A questão que se apresenta pertinente é se, o Homem do século XXI, será capaz de abrir mão daquele modelo de poder, imposto por Maquiavel e, reativamente, buscará soluções de conflitos e competitividade mais amistosas, cujos benefícios sejam globais? Não é preciso ser herói para se garantir a Governança; muito menos vilão para manter-se no poder. Mesmo que a santidade ética e moral do ocidente tenha um viés pecaminoso, há de se convir que chegou o momento dela torna-se economicamente viável como sugere Berman. Talvez, o momento de se mensurar seu valor, tornando-a um ativo financeiro. Quando isto de fato acontecer, o Príncipe de Maquiavel não terá significância alguma, quanto mais às indagações provocativas de Comte-Sponville.

*Fabio de Freitas é estudante de Economia da PUC-SP e editor dos portais Lumturo Strigo Compliance Consulting e Gentes Microfinanças.




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